Arqueologia e histórias de vida: uma experiência com os Tupinambá de Belmonte, BA

Conteúdo do artigo principal

Lorena Gomes Garcia

Resumo

Este artigo trata sobre a pesquisa arqueológica na Terra Indígena Tupinambá de Belmonte, BA, localizada na costa nordeste do Brasil. A partir da descoberta de uma urna funerária, os Tupinambá propuseram o estudo de sítio arqueológico localizado em suas terras. Como arqueóloga, essa experiência possibilita a percepção dos sentidos que a urna funerária adquire na luta dos tupinambás pela retomada de suas terras ancestrais. Trata-se de uma etnografia arqueológica que busca contribuir com o conhecimento de outras narrativas sobre o passado das populações indígenas do Nordeste ao repensar o modo como as narrativas arqueológicas afetam a vida das populações contemporâneas e vice-versa.

Detalhes do artigo

Como Citar
Garcia, L. G. (2021). Arqueologia e histórias de vida: uma experiência com os Tupinambá de Belmonte, BA. Brasiliana: Journal for Brazilian Studies, 9(2), 52–71. https://doi.org/10.25160/bjbs.v9i2.122239
Seção
Dossier

Referências

Alarcon, D. F. (2013) “Construir uma outra aldeia”: vínculos sociais e territoriais no processo de retomada, aldeia Tupinambá de Serra do Padeiro, Bahia. Espaço Ameríndio, Porto Alegre, 7(2), pp. 96-146.
Banning, E. B. (2002) Archaeological Survey. New York: Kluwer Academic; Plenum Publishers.
Barreto, C.; Oliveira, E. (2016) Para além de potes e panelas: cerâmica e ritual na Amazônia Antiga. Revista Habitus, 14 (1), pp.
Bezerra, M. (2017) Teto e Afeto: sobre as pessoas, as coisas e a arqueologia na Amazônia. Belém: GKNoronha.
Bespalez, E. (2013) Arqueologia e Etno-história na Terra Indígena Lalima, Miranda/MS. Revista de Arqueologia, 26 ( 1), pp. 86-95.
Bowser, B. and Zedeño, M. N. (eds.) (2008) The archaeology of meaningful places. Salt Lake City: The University of Utah Press.
Cabral, M. P. (2013) “E se todos fossem arqueólogos? ”: experiências na terra indígena Wajãpi. Anuário Antropológico, Brasília, 39(2), pp. 115-132.
Carvalho, M. R. (2011) De índios “misturados” a índios “regimados”, in Carvalho, M. R. et al. (orgs.) Negros no mundo dos índios: imagens, reflexos, alteridades. Natal: Editora da UFRN, pp. 337-358.
Cancela, F. E. T. (2012). De projeto a processo colonial: índios, colonos e autoridades régias na colonização reformista da antiga capitania de Porto Seguro (1763-1808). Tese (Doutorado em História), Universidade Federal da Bahia, Salvador.
Collins, J. M.; Molyneaux, B. L. (2003) Archaeological survey. New York: Altamira.
Colwell-Chanthaphonh, C. (2009) Myth of the Anasazi: Archaeology language, collaborative communities, and the contested past. Public Archae¬ology, 8 ( 2-3), pp. 191-207.
Castañeda, Q. E. (2008) The ´Ethnographic Turn´ in Archaeology. Research Positioning and Reflexivity in Ethnographic Archaeologies, in Castañeda, Q. E. and Matthews, C. N. (eds.) Ethnographic Archaeologies: reflections on stakeholders and archaeological practices. Lanham, MD: Altamira Press, pp. 25-61.
Conkey, M. (2002) Comments. Current Anthropology, 43(S4), pp. 113-137, Special Issue Repertoires of Timekeeping in Anthropology.
Couto, P. N. A. (2008) Morada dos encantados: identidade e religiosidade entre os Tupinambá da Serra do Padeiro, Buerarema, BA. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – FFCH, UFBA, Salvador.
Corrêa, A. A. (2014) Pindorama Mboîa e Îakaré: continuidade e mudança na trajetória das populações Tupi. Tese (Doutorado em Arqueologia) – Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.
Dantas, B.; Sampaio, J.A.L.; Carvalho, M.R.G de. Os povos indígenas no Nordeste brasileiro: um esboço histórico. In. Cunha, M. C. da (org.)
História dos índios no Brasil, São Paulo: Companhia das Letras, Secretaria Municipal deCultura,FAPESP,pp.431-456.
David, B. et al. (2012) Poromoi Tamu and the Case of the Drowning Village: History, Lost Places and the Stories We Tell. International Journal of Historic Archaeology, 16, pp. 319-345.
Etchevarne, C. (2012) O sítio de Tradição Aratu de Água Vermelha, Reserva Indígena Caramuru Paraguaçu e suas implicações arqueológicas e etnopolíticas. Caderno de Arte e Antropologia, 1, pp. 53-58.
Fausto, C. and Heckenberger, M. (2007) Time and Memory in Indigenous Amazônia: Anthropological Perspectives. Florida: University Press of Florida.
Ferreira, L. M. et al (2014). Arqueología, multivocalidad y activación patrimonial en sudamérica: no somos ventrílocuo. In. Rivolta, M. Montenegro, L. Menezes y J. Nastri (Eds.). Multivocalidad y acciones patrimoniales en arqueología: Perspectivas desde Sudamérica, pp. 15-34.
Flexner, J. L. (2014) Historical Archaeology, Contact, and Colonialism in Oceania. Journal of Archaeological Research 22(1), pp 43-87.
González-Ruibal, A. (2009) De la etnoarqueología a la arqueología del presente, in Salazar, J. et al. (coords.) Mundos Tribales: una visión etarqueológica. España: Museu de Prehistòria de València, pp. 16-27.
González‐Ruibal, A. (2016) Archaeology and the Time of Modernity. Historical Archaeology 50(3), pp. 144–164.
Green, L. F.; Green, D. R.; Neves, E. G. (2003) Indigenous knowledge and archaeological science. Journal of Social Archaeology, v. 3, n. 3, pp. 366-398.
Greene, K. (1999) Archaeology: An Introduction. 3. ed. London: Batsford Ltd.
Hamilakis, Y. (2011) Archaeological Ethnography: A Multi-temporal Meeting Ground for Archaeology and Anthropology. Annual Review of Anthropology, 40, pp. 399-414.
Hamilakis, Y. (2016) Decolonial archaeologies: from ethnoarchaeology to archaeological ethnography. World Archaeology, 48(5).
Hamilakis, Y. (2017) Sensorial assemblages: affect, memory and temporality in assemblage things. Cambridge Archaeological Journal, 27(1), pp. 169-182.
Hamilakis, Y.; Anagnostopoulos, A. (2009) Archaeological ethnographies: a special issue of Public Archaeology. Public Archaeology, 8(2-3).
Harris, H. (2005) Indigenous worldviews and ways of knowing as theoretical and methodological foundations for archaeological resource, in Smith, C. and Wobst, M. W. Indigenous Archaeologies. London: Routledge, pp. 33-41.
Hartog, F. (2014) Regimes de Historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica.
Heckenberger, M. (2008) Entering the agora: archaeology, conservation, and indigenous peoples in the Amazon. In: Colwell-Chanthaphonh, C.; Ferguson, T. J. Collaboration in Archaeological Practice. Engaging Descendent Communities. Lanham, MD: Altamira Press, pp. 243-272.
Hodder, I. (2008) Multivocality and Social Archaeology, in Habu, J.; Fawcett, C. and Matsunaga, J. M. (eds.) Evaluating multiple narratives. Beyond nationalist, colonialist, imperialist archaeologies. New York: Springer.
Holtorf, C. (2002). Notes on the life history of a pot sherd. Journal of Material Culture, 7(1), pp. 49–71.
Klokler, D. (2012) Consumo Ritual, consume no ritual: festins funerários e sambaquis. Revista Habitus, 10 (1), pp.83-104.
Lane, P. (2006) Present to past: ethnoarchaeology, in Tilley, C. et al. (eds.) The Handbook of Material Culture. Los Angeles: Sage, pp. 402-424.
Lane, P. (2008) The use of ethnography in landscape archaeology, in David, B.; Thomas, J. The Handbook of Landscape Archaeology. Walnut Creek, CA: Left Coast Press Inc., pp. 237-244.
Layton, R. (1989) Who needs the past? Indigenous values and archaeology. London: Routledge.
Lévi-Strauss, C. (2000) “Raça e História”. In Antropologia Estrutural II, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, pp. 328-366.
Lilley, I. (2006) Archaeology, diaspora and decolonization. Journal of social archaeology, 6.
Lima, J. (1990) Relatório da perícia arqueológica em Palmeiras dos Índios. Alagoas: Universidade Católica de Pernambuco.
Machado, J. S. (2017) Arqueologias Indígenas, os Laklãnõ Xokleng e os objetos do pensar. Revista de Arqueologia , 30 (1)., pp.
Melquíades, V; Amaral, D. M. Arqueologias do presente e etnografias arqueológicas no Brasil (no prelo).
Monteiro, J. M. (1990) Brasil indígena no século XVI: dinâmica histórica tupi e as origens da sociedade colonial. Ler História, 19, pp.1-103.
Nicholas, G. (ed.) (2010). Being and becoming indigenous archaeologists. Walnut Creek: Left Coast Press.
Nimuendajú, C. (1986) Os índios da ex-aldeia Santa Rosa. Revista do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional, 21, pp. 71-73.
Oliveira, J. P. (1998) Uma etnologia dos “índios misturados”? Situação colonial, territorialização e fluxos culturais. MANA, 4(1).
Pinto, K. M. (2013) Arqueologia e conformação de identidades das comunidades indígenas do Nordeste: um estudo de caso dos Xucuru-Kariri. Dissertação (Mestrado em Arqueologia), Universidade Federal de Sergipe.
Profice, C. C.; Santos, G. M. e Almeida, N.
M. (2014) As brincadeiras entre crianças Tupinambá de Olivença: tradições passadas por gerações. Revista ZERO-a-seis, 16(30), pp. 259-274.
Rodrigues, Aryon D. (1999) Macro-Jê. In: Dixon, R.M.W. & Aikhenvald, A.Y. (Org.). The Amazonian Languages. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 164-206.
Schaan, D. (2012) Sacred Geographies of ancient Amazonia: historical ecology of social complexity. New York: Left Coast Press.
Sahlins, M. (1990) Ilhas de História. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Schuster, A. J.; Garcia, L.; Almeida, F. O. de. De pré-história para história indígena no Baixo São Francisco: arqueologia do período de contato dentro de um contexto Kariri. Revista Habitus, no prelo
Silva, F. A. (2009) Etnoarqueologia: uma perspectiva arqueológica para o estudo da cultura material. Métis: história e cultura, UCS, 8, pp. 121-139.
Silva, F. A. (2012) O plural e o singular das arqueologias indígenas. Revista de Arqueologia, 25(2), pp. 24-42.
SILVA, F. A. (2002) Mito e Arqueologia: A Interpretação dos Asuriní do Xingu sobre os vestígios Arqueológicos encontrados no Parque Indígena Kuatinemu, Pará. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, 8 (18), pp. 175-187.
SILVA, F. A. (2013) Território, lugares e memória dos Asurini do Xingu. Revista de Arqueologia, v. 26, p. 28-41. (Sociedade de Arqueologia Brasileira. Impresso).
Silva, F. A. e Garcia, L. (2015) Arqueologia Colaborativa na Amazônia: Terra Indígena Kuatinemu, Rio Xingu, Pará. Revista Amazônica, Belém, 7(1), pp. 74-99.
Silliman, S. (2012). Between the Longue Durée and the Short Purée: Postcolonial Archaeologies of Indigenous History in Colonial North America. In: Hart, S. M.; Oland, M; Frink, L. Decolonizing Indigenous Histories: Exploring “Prehistoric/Colonial” Transitions in Archaeology. Tucson (AZ), University of Arizona Press.
Smith, C. and Wobst, M. (eds.) (2005). Indigenous Archaeologies. London: Routledge.
Stein, G. J. (ed.) (2005) The Archaeology of Colonial Encounters: comparative perspectives.: Santa Fe: Shooll of American Research Press.
Tempesta, G. A. et al (2010). Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação da Terra Indígena Tupinambá De Belmonte- Ba, Fundação Nacional Do Índio/Ministério da Justiça/UNESCO.
Tilley, C. (2007) Materiality in materials. Archaeological Dialogues, Cambridge, 14(1), pp. 16–20.
Ubinger, H. C. (2012) Os Tupinambá da Serra do Padeiro: religiosidade e territorialidade na luta pela terra indígena. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – FFCH, UFBA, Salvador.
Viegas, S. M. (2007) Terra calada: os Tupinambá na Mata Atlântica do sul da Bahia. Rio de Janeiro: 7 Letras.
Welper, E. M. (2018) “Segredos do Brasil”: Curt Nimuendajú, Robert Lowie e os índios do Nordeste. Revista de Antropologia, São Paulo, 61 (3), pp. 7-51.