Por uma arqueologia da borracha por uma arqueologia da borracha

Conteúdo do artigo principal

Tiago Silva Alves Muniz
http://orcid.org/0000-0002-1075-5488

Resumo

Esse artigo tem como objetivo abordar os impactos da borracha sobre a arqueologia histórica e contemporânea na Amazônia. Através de uma “arqueologia da borracha” aqui é escavada uma noção de modernidade. Desde a criação das luvas de borracha, as botas para neve aos pneus, a borracha permitiu ao ser humano expandir suas interações com o meio ambiente. À medida que essas interações foram se expandindo, a consolidação da revolução industrial e do ocidentalismo emaranhou atores e uma complexa teia de significados, devires e agências em oposição ao conhecimento local. Por meio de uma abordagem plural e multiespecífica, este artigo situa o estudo da materialidade da borracha no campo da arqueologia do capitalismo e da modernidade. E ainda, por meio da história oral, da densa pesquisa em arquivo e da arqueologia pública, as ontologias e materialidades locais oferecem à arqueologia contemporânea uma visão mais elástica, voltada para suas percepções de uma história global.

Detalhes do artigo

Como Citar
Silva Alves Muniz, T. (2021). Por uma arqueologia da borracha: por uma arqueologia da borracha. Brasiliana: Journal for Brazilian Studies, 9(2), 233–251. https://doi.org/10.25160/bjbs.v9i2.122034
Seção
Dossier
Biografia do Autor

Tiago Silva Alves Muniz, Linnaeus University

Tiago Muniz currently is a Visiting Researcher at Department of Cultural Sciences at Linnaeus University (Kalmar, Sweden) and a PhD candidate in Anthropology/Archaeology at Graduate Program in Anthropology at the Federal University of Pará, Brazil. Muniz has experience in Archaeology, focusing on the following subjects: Contemporary Archaeology, Historical Archeology, Prehistoric Archaeology, Amazonian Archaeology, Archaeology of Ethnicity, Ceramic Analysis, Archaeobotany, Heritage, Critical Heritage Studies, Heritage Futures, Education, Environmental Education, Teaching-learning. Tiago Muniz has a master’s degree in Archaeology and a specialization in Quaternary Geology (subarea: Archaeology) both at National Museum – Federal University of Rio de Janeiro.

Referências

ALVES, E. da S., PINTO, A. dos S., CAETANO, R. F. 2018. Memórias de Mulheres Seringueiras na Reserva Extrativista Rio Ouro Preto/RO: Linguagem, Cultura e Identidade, Amazônica - Revista de Antropologia, v. 10, n. 2, p. 738–761.
ATALAY, S., 2008. Multivocality and Indigenous Archaeologies Beyond Nationalist: Global Applicability of Indigenous Archaeologies. Evaluating Multiple Narratives: Beyond Nationalist, Colonialist, Imperialist Archaeologies, Springer, p. 29–44.
BATES, Henry Walter. 1863. The Naturalist on the River Amazons. Vol. 1. London: John Murray, Albemarle Street,
BEZERRA, M. 2011. "“ As moedas dos índios ”: um estudo de caso sobre os significados do patrimônio arqueológico para os moradores da Vila de Joanes , ilha de Marajó , Brasil “ The coins of Indians ”: a case study about the meanings of Archaeological heritage to the local co", v. 110, p. 57–70.
BEZERRA, M. 2012. "Signifying heritage in amazon: A public archaeology project at vila de Joanes, Marajó Island, Brazil", Chungara, v. 44, n. 3, p. 533–542, DOI: 10.4067/S0717-73562012000300015.
BLANCO, S. V. N., BAMBIRRA, V. L. de M. 2017. "A figura feminina no seringal: vozes silenciadas", Revista communitas, v. 1, n. 1, p. 144–160.
BRITO, A. L. 2018. "“Eu trabalhei também”: as trabalhadoras nos seringais do Amazonas (1940-1950)", História & Parcerias, n. Anais do Encontro Internacional e XVIII Encontro de História da Anpuh-Rio.
BROCKWAY, L. H. 1982. Science and Colonial Expansion: The Role of the British Royal Botanic Gardens. Kew Bulletin.
CHAMPNEY, J. W. 1860. Travels in the North of Brazil. Disponível em: http://www.bndigital.bn.gov.br//acervo-digital.
COELHO, G. M. 2011. "Na Belém da belle époque da borracha (1890-1910): dirigindo os olhares", Escritos V, p. 141–168.
COHEN, E. E. 1985. Vila de Boim (1690-1986) sua história, seu povo. Obras lite ed. Santarém, Tiagão.
COSTA, D. M. 2017. "Arqueologia Histórica Amazônida", Revista de Arqueologia, v. 30, n. 1, p. 154–174. DOI: 10.24885/sab.v30i1.506. .
DAOU, A. M. 2004. A belle époque amazônica. 3. ed. [S.l.], Zahar.
DEUS, E. Di. 2017. A dança das facas: Trabalho e técnica em seringais paulistas. 2017. Universidade de Brasília.
GANE, N., HARAWAY, D. 2010. "Se nós nunca fomos humanos, o que fazer?", Ponto Urbe, v. 6, n. 6, p. 1–22. DOI: 10.4000/pontourbe.1635. Disponível em: http://pontourbe.revues.org/1635.
GILBERT, S. F., SAPP, J., TAUBER, A. I. 2012. "A symbiotic view of life: We have never been individuals", Quarterly Review of Biology, v. 87, n. 4, p. 325–341, DOI: 10.1086/668166.
GOMES, D. M. C. 2020. "História da Arqueologia Amazônica no Museu Nacional: diferentes narrativas", Revista de Arqueologia, v. 33, n. 1, p. 03–27. DOI: 10.24885/sab.v33i1.694. .
GONZÁLEZ-RUIBAL, A. 2012. "Hacia otra arqueología: diez propuestas", Complutum, v. 23, n. 2, p. 103–116. DOI: 10.5209/rev-CMPL.2012.v23.n2.40878. .
GONZÁLEZ-RUIBAL, A. 2006. "The Past is Tomorrow. Towards an Archaeology of the Vanishing Present", Norwegian Archaeological Review, v. 39, n. 2, p. 110–125. DOI: 10.1080/00293650601030073. .
HARRISON, R., CABRAL, M. P. 2019. "Arqueologias de futuros e presentes emergentes", Vestígios - Revista Latino-Americana de Arqueologia Histórica, v. 12, n. 2, p. 83–104. DOI: 10.31239/vtg.v12i2.12200. .
HARRISON, R., DESILVEY, C., HOLTORF, C., et al. 2020. Heritage futures: Comparative approaches to natural and cultural heritage practices.
HILLS, D. A. 1971. Heat transfer and vulcanisation of rubber. Elsevier Publishing Company.
HOBHOUSE, H. 2004. Seeds of wealth: Four plants that made men rich. Counterpoint Press.
JACKSON, J. 2011. O ladrão no fim do mundo: como um inglês roubou 70 mil sementes de seringueira e acabou com o monopólio do Brasil sobre a borracha. São Paulo.
LAGE, M. M. L. 2010. Mulher e seringal: um olhar sobre as mulheres nos seringais do Amazonas (1880-1920). 166 f. Universidade Federal do Amazonas.
LANDER, E. 2005. A Colonialidade do Saber - Eurocentrismo e Ciências Sociais - Perspectivas Latino-americanas.
LATOUR, B. 1994. "Jamais fomos modernos", Coleção TRANS, p. 151.
LATOUR, B. 2017. "On actor-network theory. A few clarifications, plus more than a few complications", Logos (Russian Federation), v. 27, n. 1, p. 173–200. DOI: 10.22394/0869-5377-2017-1-173-197. .
LEVIS, C., FLORES, B. M., MOREIRA, P. A., et al. 2018. "How people domesticated Amazonian forests", Frontiers in Ecology and Evolution, v. 5, n. JAN. DOI: 10.3389/fevo.2017.00171. .
LOADMAN, J. 2006. Portrait of the Global Rubber Industry: Driving the Wheel of the World Economy. International Rubber Research & Development Board.
MAEZUMI, S. Y., ROBINSON, M., SOUZA, J. de, et al. 2018. "New insights from pre-Columbian land use and fire management in Amazonian dark earth forests", Frontiers in Ecology and Evolution, v. 6, n. AUG, DOI: 10.3389/fevo.2018.00111.
MARTINELLO, P. 2004. A “batalha da borracha” na segunda guerra Mundial. Rio Branco, EUFAC.
MARTINS JÚNIOR, R. J. M. 2010. Visto , logo existo : moda , sociabilidade feminina e consumo em Belém no limiar do século XX. 1–152 f.
MUNIZ, T. S. A. 2019. "Os agentes do deus elástico no Baixo Amazonas: apontamentos sobre materialidade e patrimônio do período da borracha", ACENO – Revista de Antropologia do Centro-Oeste, v. 6, n. 11,.
MUNIZ, T. S. A. 2020. "Ensaio sobre arqueologia do período da borracha no Baixo Amazonas: materialidade, ontologia e patrimônio", Oficina Do Historiador, v. 13, n. 1, p. 1–17.
OLIVEIRA FILHO, J. P. 1979. "O caboclo e o brabo: notas sobre duas moda- lidades de força de trabalho na expansão da fronteira amazônica do século XIX". Encontros com a civilização brasileira, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, p. 101–140.
REILLY, F. 2017. "Roger Casement - voice of the voiceless", History Ireland Magazine, v. 25, n. 1, Disponível em: https://www.historyireland.com/volume-25/roger-casement-voice-voiceless/.
REZENDE, V. 2013. "“Tinha que ser macho”: as condições de trabalho e as disputas em torno do adicional de insalubridade no setor coureiro-calçadista de Franca-SP (1950-1980)". 2013. Anais do Encontro Internacional e XVIII Encontro de História da Anpuh-Rio.
RÜSEN, J., 2004. "Historical consciousness: Narrative structure, moral function and ontogenetic development". Theorizing historical consciousness, Toronto, University of Toronto Press, p. 63–85.
SAID, E. W. 1990. Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente.
SANJAD, N., CASTRO, A. R. M. 2016. "Comércio, política e ciência nas exposições internacionais", Varia Historia, Belo Horizonte, v. 32, n. 58, p. 141–173. DOI: 10.1590/0104-87752016000100007. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0104.
SANTOS JÚNIOR, P. M. dos. 2013. "Manaus da Bélle Époque: tensões entre culturas, ideais e espaços sociais". 2013. Anais do Encontro Internacional e XVIII Encontro de História da Anpuh-Rio.
SHEPHERD, N., 2016. "The conquest of time". Arqueología y decolonialidad, Ediciones ed. Buenos Aires, University, Duke.
SILLIMAN, S. W., 2008. "Collaborative Indigenous Archaeology Troweling at the Edges, Eyeing the Center". Collaborating at the Trowel’s Edge: Teaching and Learning in Indigenous Archaeology.
SOUZA, J. J. V. de. 2017. Seringalidade: o estado da colonialidade na Amazônia e os condenados da floresta. Manaus, Valer.
TSING, A. L. 2019. "Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno", p. 284.
ULE, E. 1908. Coleção Fotográfica. Arquivo Guilherme de la Penha. Belém. Museu Paraense Emilion Goeldi.
WALLERSTEIN, I. 2005. World-systems analysis: an introduction. Duke University Press.
WEINSTEIN, B. 1993. A borracha na Amazônia: expansão e decadência (1850-1920). São Paulo, Hucitec/Edusp.
WICKHAM, H. A. 1873. Letter from Wickham to Hooker. Miscellaneous Reports - MR/117 India Office - Caoutchouc Vol 1 c. 1873-1904. Introduction of Hevea brasiliensis (f.1-144). London.
WILLIS, J. C. 1906. The Ceylon Rubber Exhibition 1906. Kew Gardens Archives. Miscellaneous Reports, p. 1880-1908.