Serendipitous Encounters with Texts: Errantry and Decentralization in Ana Maria Gonçalves’s Um Defeito de Cor (2006)

Resumo

Nos últimos anos, alguns autores de literatura afro-brasileira se propuseram a rever criticamente narrativas do passado colonial brasileiro e a ausência de vozes negras na constituição de discursos históricos e literários. O romance Um Defeito de Cor, publicado em 2006 pela escritora e jornalista Ana Maria Gonçalves é um exemplo paradigmatico deste emergente corpo literário. Um Defeito de Cor aborda a história da Revolta dos Malês em Salvador em 1835 e imagina a vida de uma de suas líderes, cuja real existência ainda é debatida, Luísa Mahin. Esse artigo se propõe a analizar a representação de espaços hegemônicos de centro e periferia em Um Defeito de Cor e nas relações intertextuais explicitadas na narrativa com base no trabalho teórico do filósofo e escritor caribenho Édouard Glissant desenvolvido em A Poética da Relação. Um argumento central nessa análise diz que o romance se vale do conceito de serendipidade para construir uma narrativa de errance e decentralização, com a qual traz a tona discursos afro- brasileiros em relações de intertextualidade.