A meditação sobre o Tietê: a voz lírica entre a morte e a vida
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Resumo
No poema longo “A meditação sobre o Tietê”, do escritor modernista brasileiro Mário de Andrade, publicado postumamente em Lira paulistana, em 1945, o eu lírico, como Narciso, se vê projetado nas águas do Tietê, a partir da ponte das Bandeiras, em São Paulo, ocupando, ao mesmo tempo, o espaço da vida cotidiana – a ponte – e o espaço das águas, lugar de morte, já que, apesar de estar sobre o rio, ele se vê misturado às águas, observando, por meio da sua imagem espelhada, o percurso de intelectual e de poeta. Assim, nos versos, a voz que canta tem origem tanto no além como na vida, situada, portanto, numa terceira margem, já que, após ter percebido a falta de lugar para a poesia, no contexto político em que se insere, volta-se para o abismo do rio, numa entrega sacrificial em que procura, mesmo que de maneira remota, uma forma de renascimento.
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