O exílio da vida nas margens do mundo. Violência contra trabalhadores escravos em Mato Grosso (1970-1989)
Conteúdo do artigo principal
Resumo
O presente trabalho é centrado na investigação a respeito da violência ocorrida contra trabalhadores migrantes conhecidos como peões, no extremo Nordeste do Estado de Mato Grosso. Nesta pesquisa procuramos elucidar algumas questões, tais como: violência, trabalho escravo contemporâneo, exclusão, conflito de terras; migrações; ou seja, alguns dos problemas da região do Araguaia, na qual parte da Igreja Católica tendo Dom Pedro Casaldáliga à frente esteve presente apoiando os segmentos sociais mais vulneráveis, durante os anos do governo militar. O local escolhido para nossas observações foi o extremo Nordeste de Mato Grosso, cortado pela BR-158 e pelo rio Araguaia no sentido Sul - Norte e se deve ao fato paradoxal da modalidade de trabalho, ter se evidenciado na região simultaneamente à entrada dos grandes empreendimentos agropecuários ligados a conglomerados bancários, multinacionais montadoras de automóveis, que supostamente promoveriam a substituição das relações de produção de subsistência juntamente com o denominado trabalho escravo contemporâneo, que no Brasil e mais precisamente nas regiões Norte e Centro-Oeste, têm como padrão o trabalho no setor primário. A Amazônia foi alvo privilegiado das ações governamentais na esfera federal, naquilo que ficou conhecido como o processo de colonização e que se propunha um substitutivo à reforma agrária. Grande número de migrantes do Nordeste brasileiro buscou trabalho na região. Foi naquele contexto que expressões como gato, peão, “empreita” e “escravidão por dívida”, entre outras ganharam sentido e aos poucos se tornaram objetos de um contingente crescente de estudiosos de diferentes áreas do conhecimento, buscando o melhor entendimento do fenômeno do trabalho escravo contemporâneo.
Detalhes do artigo
Articles published in Brasiliana are licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License.