O protagonismo da marionete a MINUSTAH e as políticas externas dos governos Lula, Dilma e Temer

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Julia Aparecido
https://orcid.org/0000-0002-6386-3634

Resumo

As políticas externas geralmente dispõem de diretrizes claras, mas os critérios para o envolvimento em operações de paz (OPs) são frequentemente nebulosos e influenciados por fatores subinstitucionais, podendo ser significativamente influenciado por disposições político-partidárias. Abordamos a participação do Brasil na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH) como um ponto de virada na política externa brasileira. Através de uma abordagem histórico-bibliográfica, investigamos as nuances estratégicas dessa participação durante os governos Lula, Dilma e Temer, entendo-a como ferramenta de política externa. Argumentamos que, embora tenha refletido ambições de protagonismo regional e projeção internacional, a participação brasileira na MINUSTAH mostrou-se limitada devido a objetivos mal calculados e falta de compreensão do contexto. Nossa análise revelou que a liderança brasileira na MINUSTAH ilustrou uma dinâmica de "protagonismo de marionete", evidenciando a subordinação do Brasil às dinâmicas de poder internacionais e sua incapacidade de modificar substancialmente a estrutura do sistema de segurança global.

Detalhes do artigo

Como Citar
Aparecido, J. (2024). O protagonismo da marionete: a MINUSTAH e as políticas externas dos governos Lula, Dilma e Temer. Brasiliana: Journal for Brazilian Studies, 13(1). Recuperado de https://tidsskrift.dk/bras/article/view/143877
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General Articles

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