"Antes o Mundo Não Existia" a literatura indígena, a luta pela demarcação e a história oral no Alto Rio Negro da década de 1970-1980.
Conteúdo do artigo principal
Resumo
O presente estudo propõe uma análise investigativa acerca da configuração da escrita dos contos tradicionais Desana, conforme delineado na obra "Antes o Mundo Não Existia" (1980). A pesquisa visa compreender a intricada relação entre os povos originários e a prática da escrita, considerando, particularmente, a perspectiva xamânica em relação ao território habitado e a concepção de uma História que incorpora entidades não humanas, tais como animais e a própria natureza, enquanto agentes ativos. Nesse contexto, realiza-se uma concisa exploração do modo como o sistema mnemônico Desana constrói uma interconexão entre essas esferas culturais, configurando uma rede de memória multifacetada que se manifesta em diversas formas, como textos escritos, objetos materiais e pinturas corporais, todos eles remetendo aos mesmos contos tradicionais.
Detalhes do artigo
Articles published in Brasiliana are licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License.
Referências
Andrello, G. (2010). ‘Falas, objetos e corpos: autores indígenas no alto rio Negro’, Revista Brasileira de Ciências Sociais, 25, pp. 5-26.
Andrello, G. (2008). Política indígena no rio Uaupés: hierarquias e alianças. Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, 17(2), pp. 75-91.
Buchillet, Dominique (1991). Os índios da região do Alto Rio Negro: história, etnografia e situação das terras. Laudo antropológico apresentado à Procuradoria Geral da República.
Cayón, L. (2006). ‘Vivendo entre o “doce” e o “forte”: natureza e sociedade entre os Makuna’, Anuário antropológico, 31(1), pp. 51-90.
Gallois, D. T. (2004). ‘Terras ocupadas? Territórios? Territorialidades. Terras indígenas e unidades de conservação da natureza: o desafio das sobreposições’, São Paulo: Instituto Socioambiental, pp. 37-41.
Gallois, D. T. (1994). Mairi revisitada: a reintegração de fortaleza de Macapá na tradição oral dos waiapi, São Paulo, NHII/USP/. F APESP.
Hugh-Jones, Stephen (2012). ‘Escrever na Pedra, Escrever no Papel’ in: ANDRELLO, Geraldo. Rotas de Criação e Transformação. São Paulo: ISA, pp. 138-167.
Neumann, Eduardo Santos (2007). ‘A lança e as cartas: escrita indígena e conflito nas reduções do Paraguai-Século XVIII’, História UNISINOS: revista do Programa de Pós Graduação em História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. São Leopoldo, RS. 11, (2), pp. 160-172.
Pãrõkumu, Umusi (Firmiano Arantes Lana) e KEHÍRI, Torãmu (Luiz Gomes Lana) (1995). ‘Antes o mundo não existia. Mitologia dos antigos Desana-Kehíriporã’. 2ª ed. São João Batista do Rio Tiquié: UNIRT; São Gabriel da Cachoeira: FOIRN.
Ramos, Alcida Rita (1990). ‘Vozes indígenas: o contato vivido e contado’, Anuário Antropológico, 12(1), pp. 117-143. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6392. Acesso em: 19 jan. 2022.
Roller, Heather Flynn (2021). Contacts Strategies. Histories of Native Autonomy in Brazil’. Stanford: Stanford University Press.
Santos, A. S e Da Silva, G. (2019). ‘A literatura como ferramenta para o ensino da “Nova História Indígena”’, História e Antropologia, pp. 137-153.
Sedrez, Lise Fernanda (2014). ‘História Ambiental da América Latina: costurando tradição e inovação’ In Maia, Andréa C. N. (ed.). Outras histórias: Ensaios em História Social. Rio de Janeiro, Editora Ponteio-Dumará Distribuidora Lta, pp. 125 – 149.
Soffiati, Arthur (2008). ‘Algumas palavras sobre uma teoria da eco-história’, Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 18, pp. 13-26.
Takuá, C. (2020). Seres criativos da floresta. Rio de Janeiro: Dantes Editora.