Resistance, necropolitics, and revenge fantasies Bacurau (2019) by Kleber Mendonça Filho and Juliano Dornelles

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Carolin Overhoff Ferreira
https://orcid.org/0000-0002-2299-024X

Resumo

Bacurau de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles foi o filme brasileiro mais polêmico de 2019. Estreou no Festival de Cannes 2019 onde obteve o Prêmio especial do Júri e depois ganhou mais distinções nacionais e internacionais. Foi elogiado e criticado como filme de resistência contra o atual governo de Bolsonaro, seu discurso sexista, racista e homofóbico. Este artigo procura analisar três aspetos centrais do filme: 1) a maneira como se dá essa resistência contra os invasores norte-americanos que utilizam o povoado de Bacurau para um videogame real, valendo-se de sua população como alvos vivos; 2) o emprego da necropolítica, que possui historicamente uma dimensão mais violenta no Brasil devido ao trafico de escravizados e à escravidão, e que está atrás da venda da vila pelo prefeito Tony Júnior; e 3), a fantasia de vingança relativamente à essa opressão e à qual o filme dá expressão por meio de um banho de sangue violento quando o povoado se defende contra os invasores. O maior objetivo deste artigo e da analise desses aspetos consiste em compreender se o filme contribui para o debate sobre racismo no Brasil, no sentido de promover a discussão acerca da necessária decolonização das mentes para enfrentar o fundamental problema da desigualdade nacional e de seu ainda vigente poder colonial, ou se é apenas uma válvula de escape para as frustrações políticas, oferecendo um momento catártico muito pontual aos espectadores.

Detalhes do artigo

Como Citar
Ferreira, C. O. (2024). Resistance, necropolitics, and revenge fantasies: Bacurau (2019) by Kleber Mendonça Filho and Juliano Dornelles. Brasiliana: Journal for Brazilian Studies, 12(2). Recuperado de https://tidsskrift.dk/bras/article/view/138802
Seção
General Articles

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