Discursos conciliadores no debate sobre ação afirmativa no ensino superior
Main Article Content
Abstract
O debate sobre ação afirmativa nas universidades públicas brasileiras ao longo da década de 2000 representou rico debate sobre a ideia da ação afirmativa de corte racial. A ideia de “raça” na sociedade brasileira foi sempre subsumida na questão de classe em um país que construiu forte representação social acerca de sua democracia racial. O presente artigo vai ressaltar os fatores que levaram a questão da desigualdade racial aos espaços discursivos da esfera pública. Vão ser mostrados dados de uma pesquisa realizada em universidades públicas brasileiras no momento em que se deu a implantação das várias políticas, entre 2002 e 2012, no sentido de compreender como tais políticas questionaram os significantes vazios utilizados numa sociedade com grande desigualdade social, quando noções de cidadania, diversidade, igualdade e pautaram os espaços universitários com novos frames que trouxeram novas interpretações no que concerne às desigualdades raciais do país. Mas na discussão apresentada vai ser mostrado como a questão da desigualdade social prevaleceu sobre a questão racial.
Article Details
![]()
Articles published in Brasiliana are licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License.
When publishing open access, the author signs an author publishing agreement in which they retain copyright and give Brasiliana the right to publish the article. Our Open Access publications are distributed under the terms of the Creative Commons Attribution 4.0 International License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.
References
ALBERTI, Verena; Pereira, Amílcar. Histórias do momvimento negro no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas/FGV, 2007.
AVRITZER, Leonardo. Cultura política, atores sociais e democratização. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, n. 28, 1995.
BARBOSA, Joaquim. Ação afirmativa e princípio constitucional da igualdade. RJ: Renovar, 2001.
BENDIX, Reinhard. Construção nacional e cidadania. São Paulo: EDUSP, 1996.
CARVALHO, José Murilo. Os Bestializados. São Paulo: Cia. Das Letras, 1991.
COSTA, Sérgio. As cores de Ercília. Belo Horizonte: Editora UFMG., 2002.
DaMATTA, Roberto. Relativizando. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
DAGNINO, Evelina. Meanings of citizenship in Latin America. IDS, working paper, 2005.
FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Editora Ática, 1978.
FRASER, Nancy. Justice Interrupts. New York: Routledge, 1997.
_____________ & Axel Honneth. Redistribution or recognition? A political- philosophical exchange. New York: Verso, 2003.
GOFFMAN, Erving. Frame Analysis: An essay on the Organization of Experiences. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1974.
GOHN, Ma da Glória. Movimentos sociais e redes de mobilização no Brasil contemporâneo. Petrópolis: Vozes, 2010.
GONZALEZ, Lélia. O movimento negro na última década. In: GONZALEZ, L. e HASENBALG, C., Lugar de negro. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1982.
GUIMARÃES, Antônio Sérgio. Classes, raças e democracia. SP: Editora 34, 2002.
_________________________Racismo e anti-racismo no Brasil. SP: Editora 34, 1997.
HABERMAS, Jürgen. The Theory of communicative action. Boston: Beacon Press, 1987, vol. II.
HASENBALG, C. e VALLE e SILVA, N. Relações raciais no Brasilcontemporâneo. RJ: Rio Fundo Ed. 1992.
_______________________. Origens e destinos. R.J: Topbooks, 2003.
HERINGER, Rosana. “Ação afirmativa e a promoção da igualdade racial no Brasil: o desafio da prática”. In: Paiva, Angela (org.) Ação afirmativa na universidade: reflexão sobre experiências concretas. RJ: Ed. PUC – Rio, 2004.
HENRIQUES, Ricardo. Raça e gênero nos sistemas de ensino. Brasília: Unesco, 2001.
LACLAU, Ernesto. Identity and Hegemony: The role of Universality in the Constitution of Political Logics. In: BUTLER, LACLAU and ZIZEK, Contingency, Hegemony, Universality. London: Verso, 2000.
NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
PAIVA, Angela R (org.). Ação afirmativa em questão: Brasil, Estados Unidos, África do Sul e França. Rio de Janeiro: Pallas Editora, 2013.
______________ Entre dados e fatos: ação afirmativa nas universidades públicas brasileiras. Rio de Janeiro: Pallas Editora, 2010.
PAIXÃO, M.; CARVANO, M.L. (orgs.). Relatório annual das desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.
PETRUCCELLI, J.L. Classificação racial e políticas de ação afirmativa nas universidades. PAIVA (org.). Entre dados e fatos: ação afirmativa nas universidades públicas brasileiras. Rio de Janeiro: Pallas, 2010.
REIS, Elisa P. Pobreza, desigualdade e identidade política. Processos e escolhas. Rio de Janeiro: Contracapa, 1998.
SANTOS, Renato E. Racialidade e novas formas de ação social: o pré-vestibular para negros e carentes. In: Ações afirmativas. Políticas públicas contra as desigualdades raciais. Rio de Janeiro: DP&A editora, 2003.
SOUZA, Jessé (org.). Multiculturalismo e racismo. Brasília: Paralelo 15, 1997.
TELLES, Edward. Racismo à brasileira. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2003.
TELLES, Vera S. Sociedade civil e a construção de espaços públicos. In: DAGNINO (org.) Anos 90: Política e sociedade no Brasil. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1994.
TURNER, Bryan. The Erosion of Citizenship. British Journal of Sociology, vol. 52, Issue 2, 2001.
VELHO, Gilberto. Violência, reciprocidade e desigualdade: uma perspectiva antropológica. In: Cidadania e violência. Rio de janeiro: UFRJ/FGV, 1996.