Núcleo Retomadas no MASP – (Re)colonialidade e Resistência
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Abstract
Este artigo analisa as negociações institucionais do núcleo ‘Retomadas’, com curadoria de Sandra Benites e Clarissa Diniz, como parte da exposição ‘Histórias Brasileiras’ no Museu de Arte de São Paulo (MASP) em 2022. Após o veto, por parte do museu, de seis fotos do referido núcleo que tratam sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e das lutas dos movimentos indígenas, as curadoras se viram impelidas a cancelá-lo integralmente. A repercussão social do cancelamento provocou o recuo da decisão e renegociação entre MASP e curadoras. Este artigo reflete sobre este caso à luz do complexo ano de 2022, sob os signos autoritaristas do governo no poder e a partir da simbologia do centenário da Semana de Arte Moderna e do bicentenário da República. Numa perspectiva crítica sobre as instituições que perpetuam a colonialidade (Quijano, 2005) sob as mais diversas formas, analiso o caso não somente no contexto das fotografias mas também no tratamento dado à primeira curadora indígena deste museu, sua parceira e os agentes da luta do MST.
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